Segredos. Quem não os tem? Decerto, ninguém. Há segredos de todas as espécies: aqueles que guardamos das travessuras que fizemos em pequenos para não levarmos umas chineladas; aqueles que guardamos de quando a nossa melhor amiga de cinco anos nos disse "Eu e o Miguel somos namorados, mas não contes a ninguém"; aqueles que guardamos quando temos a primeira negativa na escola; aqueles que guardamos quando... Enfim, há os pessoais e os profissionais, os dos nossos amigos e os nossos.
Eu lembro-me do primeiro segredo que guardei. Tinha três, quatro anos e nas festas da aldeia, todos os anos, lá estavam os aviões (daqueles que andam em circunferências e vão acima e abaixo quando se carrega no pedal). A minha mãe, claro, a proteger a sua menina, leu-lhe logo a sentença: Não insistas, Daisy Maria! Ali não te montas. Ainda te acontece alguma coisa, és muito pequenina! Bem, não tenho a certeza se terá sido assim, mas a resposta era sempre a mesma: não! E lá ficava a Daisy, muito tristinha. No entanto, tive um momento de sorte: a minha tia (adoro-te; amo-te; és o máximo, tia!) e o meu tio decidiram levar-me ao bailarico. Quando estávamos a chegar e eu avistei os aviões, não fiquei propriamente feliz, não podia andar. Todavia, a querida cunhada da minha mãe disse-me: Daisy, eu vou andar nos aviões contigo. Mas tu não podes dizer a ninguém, nem à tua mãe! Como é óbvio, estava mais que prometido! Bem, se a minha mãe chegou a saber? Sim. Tinha eu doze ou treze anos, estávamos na praia, e a minha tia revelou-lhe. Mas a minha boquinha nem aí se abriu!
Sou mesmo boa nisso, a guardar segredos. O meu círculo de amigos sabe que esta boquinha não se abre nem por nada! Ah, mas o certo é que gosto de saber os segredos dos outros, confesso. Chamem-me cusca, parva, o que quiserem, mas gosto. Mesmo aqueles que dizem Ah, não tenho nada a ver com a vida dos outros gostam. É sempre bom sentirmo-nos donos de uma informação que pouca gente conhece.
Há outras coisas que poucos reconhecem como segredos: os sentimentos. Na verdade, os meus são um autêntico segredo. Pode parecer estúpido mas quem me conhece sabe que tenho uma conchinha na qual me fecho. É raro abri-la no que diz respeito à parte de demonstrar o que estou a sentir. É raro o dia em que não tenho um sorriso como porto de abrigo para a maior parte das pessoas. E, apesar de saber que deveria deixar que fizessem isso comigo mesma, admiro-me por conseguir dizer aos outros o que eles têm de ouvir (e não o que gostam de ouvir). Vá, podem dizer que sou gabaloras - agora estou mesmo a sê-lo.
Sabem que mais? A vida é tão especial por ser um autêntico e verdadeiro segredo.
(exames estúpidos amanhã às oito da manhã; não quero, não quero e não quero)
este post é tão eu que até acho q poderia ser eu a escrevê-lo (não tão bem, obvious). adoro segredos, meeesmo. beijinho ki
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